A população da Faixa de Gaza enfrenta uma situação desesperadora de fome, sede e violência, após mais de três meses de bombardeios israelenses que destruíram a infraestrutura e os serviços básicos do território palestino. Muitos habitantes relatam que estão comendo grama e bebendo água poluída para sobreviver, enquanto outros arriscam suas vidas para buscar comida e água potável nas ruas. A cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, é uma das mais afetadas pelo conflito, que já matou mais de 26 mil pessoas e feriu outras 65 mil.
A escassez de alimentos e água
Segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), duas em cada três pessoas em Gaza dependiam de apoio alimentar antes da guerra, devido ao bloqueio parcial imposto por Israel e pelo Egito há 17 anos. Com o início dos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, e a resposta militar de Israel, a situação se agravou drasticamente, reduzindo o abastecimento de alimentos, água, combustível, medicamentos e outros itens essenciais em Gaza. Os caminhões de ajuda humanitária que conseguem entrar no território são insuficientes para atender à demanda da população de cerca de 2,2 milhões de pessoas, que enfrenta altos níveis de insegurança alimentar aguda ou pior, segundo a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar e Nutricional (IPC).
Os palestinos que ainda permanecem no norte de Gaza, onde os bombardeios são mais intensos, dizem que estão comendo grama e bebendo água contaminada por esgoto ou salinizada, o que causa doenças e desidratação. Alguns relatam que esquartejaram um burro para comer a sua carne, no início de janeiro, quando a escassez de alimentos se agravou. Outros passam fome para que seus filhos possam comer o pouco que há disponível. As crianças que vivem nas ruas, depois de terem sido forçadas a abandonar suas casas, choram e lutam por pão estragado. Muitos morrem ao tentar obter água ou comida, expondo-se aos ataques israelenses.
A situação em Khan Younis
A cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, é uma das mais afetadas pelo conflito, que já dura mais de 100 dias. A cidade está cercada em duas frentes por tanques israelenses, que impedem a entrada e a saída de pessoas e bens. A população da cidade dobrou, de cerca de 200 mil para 400 mil, com a chegada de milhares de deslocados internos que fugiram do norte de Gaza, após o ultimato de Israel para evacuar a área. A cidade sofre com a falta de água, eletricidade, alimentos, combustível e medicamentos. Os hospitais estão sobrecarregados e sem recursos para atender aos feridos e doentes. Os corpos se acumulam nas ruas e nas escolas, onde muitos buscam refúgio.
Os habitantes de Khan Younis descrevem a situação como "terrível" e "infernal". Eles dizem que não têm esperança de um fim para o conflito, nem de uma solução política para o impasse entre Israel e o Hamas. Eles pedem o fim dos ataques, o levantamento do bloqueio e a intervenção da comunidade internacional para aliviar o seu sofrimento.
A resposta humanitária
A ONU e outras organizações humanitárias têm tentado fornecer assistência aos palestinos em Gaza, mas enfrentam muitas dificuldades e restrições impostas por Israel, que controla a entrada e a saída de pessoas e bens no território. Israel alega que o bloqueio é necessário para impedir o contrabando de armas e munições para o Hamas, que governa Gaza desde 2007. No entanto, os especialistas em direitos humanos da ONU denunciam que "Israel está destruindo o sistema alimentar de Gaza e usando os alimentos como arma contra o povo palestino".
Segundo Martin Griffiths, chefe de ajuda de emergência da ONU, a "grande maioria" dos 400 mil habitantes de Gaza caracterizados pelas agências da ONU como em risco de morrer de fome "estão na verdade em situação de fome". Ele disse à CNN que a ONU precisa de pelo menos 1,8 bilhão de dólares para atender às necessidades humanitárias em Gaza, mas que só recebeu cerca de 10% desse valor. Ele pediu aos doadores internacionais que aumentem a sua generosidade e pressionem Israel para facilitar o acesso humanitário a Gaza.
A perspectiva de paz
O conflito entre Israel e o Hamas é o mais longo e sangrento desde que o grupo islâmico assumiu o controle de Gaza, em 2007, após uma guerra civil com o Fatah, o partido do presidente palestino Mahmoud Abbas. Desde então, Israel e o Hamas travaram três guerras, em 2008-2009, 2012 e 2014, que causaram milhares de mortes e destruição em Gaza, sem resolver o conflito. As tentativas de reconciliação entre o Fatah e o Hamas, mediadas pelo Egito, fracassaram repetidamente, deixando os palestinos divididos e enfraquecidos.
A atual escalada de violência começou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou uma série de ataques sem precedentes contra Israel, matando mais de 1.200 pessoas. O grupo alegou que agiu em resposta à contínua ocupação israelense da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, e à repressão aos protestos palestinos na Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar mais sagrado do Islã. Israel reagiu com uma campanha militar aérea e terrestre, visando eliminar a capacidade militar do Hamas e restaurar a sua dissuasão. Nenhum dos lados parece disposto a ceder ou a negociar um cessar-fogo.
A comunidade internacional tem apelado ao fim da violência e à retomada do diálogo entre as partes, mas sem sucesso. Os Estados Unidos, o principal aliado de Israel, têm apoiado o direito de Israel de se defender, mas também expressado preocupação com o sofrimento dos civis em Gaza. A União Europeia, a Liga Árabe, a ONU e outros atores regionais e globais têm tentado mediar uma solução pacífica, mas esbarram na falta de confiança e de vontade política dos envolvidos. A questão palestina continua sendo um dos maiores desafios para a paz e a segurança no Oriente Médio e no mundo.
Conclusão
A população da Faixa de Gaza vive uma situação dramática de fome, sede e violência, em meio à guerra entre Israel e o Hamas, que já dura mais de três meses. Muitos habitantes relatam que estão comendo grama e bebendo água poluída para sobreviver, enquanto outros arriscam suas vidas para buscar comida e água potável nas ruas. A cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, é uma das mais afetadas pelo conflito, que já matou mais de 26 mil pessoas e feriu outras 65 mil. A ONU e outras organizações humanitárias têm tentado fornecer assistência aos palestinos em Gaza, mas enfrentam muitas dificuldades e restrições impostas por Israel, que controla a entrada e a saída de pessoas e bens no território. O conflito entre Israel e o Hamas é o mais longo e sangrento desde que o grupo islâmico assumiu o controle de Gaza, em 2007, após uma guerra civil com o Fatah, o partido do presidente palestino Mahmoud Abbas. Nenhum dos lados parece disposto a ceder ou a negociar um cessar-fogo, e a comunidade internacional tem apelado ao fim da violência e à retomada do diálogo entre as partes, mas sem sucesso. A questão palestina continua sendo um dos maiores desafios para a paz e a segurança no Oriente Médio e no mundo.
Referências
(1) Palestinos comem grama e bebem água poluída enquanto fome se espalha em .... https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/palestinos-comem-grama-e-bebem-agua-poluida-enquanto-fome-se-espalha-em-gaza/.
(2) Palestinianos em Gaza estão a “comer erva e a beber água poluída” para .... https://observador.pt/2024/01/31/palestinianos-em-gaza-estao-a-comer-erva-e-a-beber-agua-poluida-para-sobreviver/.
(3) População de Gaza está desesperada por comida, diz diretor da ONU - BBC. https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqvpvz96j92o.
(4) Bombardeios de Israel: a rotina de uma exausta cidade de Gaza ... - BBC. https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3g37pl07v6o.
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