sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

A política da Irlanda do Norte, a republicana Michelle O'Neill foi nomeada como primeira-ministra



Em um marco histórico para a política da Irlanda do Norte, a republicana Michelle O'Neill foi nomeada como primeira-ministra da província britânica, tornando-se a primeira líder do partido Sinn Féin, que defende a unificação da ilha da Irlanda, a ocupar o cargo. O'Neill assumiu o comando do governo local após dois anos de impasse político entre os unionistas, que querem manter os laços com o Reino Unido, e os nacionalistas, que desejam se juntar à República da Irlanda.


Quem é Michelle O'Neill?


Michelle O'Neill tem 47 anos e é vice-presidente do Sinn Féin, o maior partido nacionalista da Irlanda do Norte. Ela entrou na política aos 21 anos, seguindo os passos de seu pai, que foi um ativista do IRA (Exército Republicano Irlandês), a organização paramilitar que lutou pela independência da Irlanda do Norte durante o conflito conhecido como "The Troubles", que durou de 1968 a 1998 e deixou mais de 3.500 mortos.

O'Neill foi eleita para o Parlamento da Irlanda do Norte em 2007 e ocupou vários cargos ministeriais, como saúde, agricultura e educação. Ela se tornou a líder do Sinn Féin na província em 2017, substituindo Martin McGuinness, que foi um dos principais negociadores do Acordo da Sexta-Feira Santa, o pacto de paz que encerrou o conflito e estabeleceu um governo de coalizão entre unionistas e nacionalistas.


Como ela chegou ao poder?


O'Neill chegou ao poder graças a uma mudança histórica nas eleições de maio de 2022, quando o Sinn Féin superou o Partido Unionista Democrático (DUP), o maior partido unionista, pela primeira vez na história da Irlanda do Norte. O Sinn Féin obteve 29,6% dos votos e 27 assentos, enquanto o DUP ficou com 28,1% e 26 assentos. O resultado foi visto como um reflexo do descontentamento dos eleitores com o Brexit, que criou novas barreiras comerciais entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, e com a gestão da pandemia de covid-19.

No entanto, o impasse político impediu O'Neill de assumir o cargo de primeira-ministra, já que o DUP se recusou a participar do governo de coalizão, alegando que o acordo do Brexit violava a integridade do Reino Unido e favorecia os nacionalistas. O governo local, responsável por áreas como saúde, educação, habitação e meio ambiente, ficou paralisado por dois anos, enquanto os assuntos do dia a dia eram administrados por Londres.

Após meses de negociações com o governo britânico, os unionistas do DUP anunciaram, nesta semana, a decisão de encerrar o boicote e aceitar o retorno do governo de coalizão, sob a condição de que o acordo do Brexit fosse renegociado. Assim, O'Neill foi oficialmente nomeada como primeira-ministra neste sábado (3), em uma cerimônia no Palácio de Stormont, sede do Parlamento da Irlanda do Norte.


O que isso significa para o futuro da Irlanda do Norte?


A nomeação de O'Neill como primeira-ministra representa uma mudança de paradigma na política da Irlanda do Norte, que sempre foi dominada pelos unionistas desde a sua criação, em 1921. Pela primeira vez, um partido que defende a unificação da ilha da Irlanda está no comando do governo local, o que pode aumentar as tensões com os unionistas e com o governo britânico.

O'Neill afirmou que seu objetivo é construir um governo "para todos", baseado na "igualdade e na inclusão", e que respeitará a diversidade de opiniões na província. Ela também disse que pretende trabalhar em cooperação com a vice-primeira-ministra unionista, Emma Little-Pengelly, que foi nomeada pelo DUP. No entanto, ela não escondeu sua visão de que a Irlanda do Norte deve se tornar parte da República da Irlanda, e que o Brexit acelerou esse processo.

O Sinn Féin defende a realização de um referendo sobre a reunificação da Irlanda, previsto no Acordo da Sexta-Feira Santa, caso haja evidências de que a maioria da população da Irlanda do Norte apoia essa ideia. Pesquisas recentes mostram que o apoio à reunificação aumentou nos últimos anos, especialmente entre os jovens, mas ainda não é majoritário. Além disso, o governo britânico tem o poder de convocar ou não o referendo, e já sinalizou que não tem intenção de fazê-lo.

Portanto, o futuro da Irlanda do Norte ainda é incerto e depende de vários fatores, como o desempenho do governo de coalizão, o impacto do Brexit, a situação econômica e social, e a vontade dos eleitores. O que é certo é que a província vive um momento histórico, que pode mudar o rumo de sua história.


Conclusão


O artigo apresentou o contexto e as implicações da nomeação de Michelle O'Neill como primeira-ministra da Irlanda do Norte, a primeira líder do partido nacionalista Sinn Féin a ocupar o cargo. O artigo mostrou quem é O'Neill, como ela chegou ao poder, e o que isso significa para o futuro da província britânica, que vive um momento de mudança política e social. O artigo também destacou os desafios e as oportunidades que o governo de coalizão entre unionistas e nacionalistas enfrentará, e a questão da reunificação da ilha da Irlanda, que divide a população.






Referências


(1) Parlamento da Irlanda do Norte elege primeira líder nacionalista .... https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2024/02/03/parlamento-da-irlanda-do-norte-elege-primeira-lider-nacionalista-encerrando-dois-anos-de-impasse.htm.

(4) Irlanda do Norte nomeia nacionalista como primeira-ministra em mudança .... https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/irlanda-do-norte-nomeia-nacionalista-como-primeira-ministra-em-mudanca-historica/.

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