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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

França e a onda de protestos dos agricultores






A França vem enfrentando uma série de protestos de agricultores desde janeiro de 2024, que bloquearam estradas, avenidas e pontos turísticos do país. Os manifestantes reivindicam melhores condições de trabalho, remuneração e soberania alimentar, além de criticarem as exigências ambientais impostas pelo governo e pela União Europeia. Neste artigo, vamos entender as causas, as consequências e as perspectivas dessa mobilização que afeta o setor agrícola francês e suas relações comerciais com o mundo.


As causas dos protestos


Os agricultores franceses se sentem abandonados e desvalorizados pelas políticas públicas do setor, que consideram inconsistentes e contraditórias. Eles reclamam que os preços pagos pelos seus produtos são baixos e não cobrem os custos de produção, enquanto a inflação e a concorrência aumentam. Eles também denunciam o excesso de regulamentações ambientais, tributárias e comerciais, que dificultam a adaptação e a competitividade do setor.

Um dos principais pontos de conflito é o plano ecológico do governo francês, que prevê a redução das emissões de gases de efeito estufa, o aumento da produção de energia renovável e a preservação da biodiversidade. Os agricultores alegam que essas medidas são inviáveis e prejudiciais para a atividade agrícola, que depende do uso de combustíveis fósseis, fertilizantes e agrotóxicos. Eles também se opõem à proposta de reservar 4% da área cultivável para a proteção da fauna e da flora, o que reduziria a produtividade e a renda dos produtores.

Outra fonte de insatisfação é o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que está em negociação há mais de 20 anos e que pode ser concluído em breve. Os agricultores franceses temem que o acordo aumente a importação de produtos agrícolas mais baratos e menos regulados do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, especialmente carne bovina, açúcar e etanol. Eles acusam os países do Mercosul de não respeitarem os mesmos padrões sanitários, ambientais e sociais que os europeus, o que geraria uma concorrência desleal e uma perda de qualidade e segurança alimentar.


As consequências dos protestos


Os protestos dos agricultores franceses têm causado transtornos e prejuízos para o país e para a região. Os bloqueios de estradas e avenidas têm gerado congestionamentos, atrasos e cancelamentos de transportes, além de dificultar o abastecimento de alimentos, combustíveis e medicamentos. Os bloqueios de pontos turísticos, como a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo, têm afetado o setor de turismo, que já estava fragilizado pela pandemia de Covid-19. Os protestos também têm provocado confrontos com as forças de segurança, que usaram gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os manifestantes.

Os protestos dos agricultores franceses também têm impactado as relações comerciais e diplomáticas com outros países e blocos. A França é o maior produtor e exportador agrícola da União Europeia, e tem uma forte influência nas decisões do bloco. O governo francês tem pressionado a União Europeia a rever ou suspender o acordo com o Mercosul, alegando que ele não atende aos interesses e aos valores dos europeus. O Mercosul, por sua vez, tem defendido o acordo como uma oportunidade de integração e desenvolvimento, e tem criticado a postura protecionista e unilateral da França. O impasse tem gerado tensões e incertezas sobre o futuro do comércio entre os dois blocos.


As perspectivas dos protestos


Os protestos dos agricultores franceses não têm previsão de terminar, e podem se intensificar nos próximos dias. Os sindicatos rurais da França anunciaram que vão enviar 40 exigências aos governantes, e que esperam respostas concretas e rápidas. Entre as exigências, estão o aumento dos preços dos produtos agrícolas, o cumprimento das leis de relações comerciais, a redução das taxas e impostos, a compensação pelos danos climáticos e sanitários, a revisão das normas ambientais e a rejeição do acordo com o Mercosul.

O governo francês, por sua vez, tem tentado dialogar e negociar com os agricultores, mas sem ceder às suas demandas. O presidente Emmanuel Macron afirmou que reconhece as dificuldades e os méritos dos agricultores, mas que não vai abandonar o plano ecológico nem o acordo com o Mercosul, que considera estratégicos para o país e para o continente. Ele disse que vai buscar soluções equilibradas e justas, que garantam a sustentabilidade e a competitividade do setor agrícola francês, sem comprometer os compromissos internacionais e os objetivos de transição verde.


Conclusão


A França e a onda de protestos dos agricultores é um tema complexo e atual, que envolve questões econômicas, sociais, ambientais e políticas. Os protestos refletem o descontentamento e a insatisfação dos agricultores franceses com as condições de trabalho, remuneração e soberania alimentar, que são afetadas pelas políticas públicas do setor, pelas exigências ambientais e pelo acordo comercial com o Mercosul. Os protestos têm causado transtornos e prejuízos para o país e para a região, e têm impactado as relações comerciais e diplomáticas com outros países e blocos. Os protestos não têm previsão de terminar, e podem se intensificar nos próximos dias, aumentando a pressão sobre o governo francês, que tenta dialogar e negociar com os agricultores, mas sem ceder às suas demandas.








Referências


(1) Entenda a onda de protestos de agricultores na Europa - Globo Rural. https://globorural.globo.com/politica/noticia/2024/01/entenda-onda-de-protestos-de-agricultores-alemanha-franca-paises-europeus-uniao-europeia.ghtml.

(2) Protesto de agricultores na França: entenda as reivindicações. https://globorural.globo.com/politica/noticia/2024/01/protesto-de-agricultores-na-franca-entenda-as-reivindicacoes.ghtml.

(3) Protestos de agricultores levam a França a pressionar a União ... - G1. https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/01/29/protestos-de-agricultores-levam-a-franca-a-pressionar-a-uniao-europeia-a-encerrar-negociacoes-de-acordo-comercial-com-o-mercosul.ghtml.

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