O Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, anunciou em agosto de 2023 a expansão de seus membros. Seis países foram convidados a se unir ao grupo a partir de janeiro de 2024: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. Mas o que essa mudança significa para o cenário político e econômico mundial? Quais são os interesses e os desafios dos atuais e dos novos integrantes do bloco? Neste artigo, vamos analisar as principais implicações da ampliação do Brics.
A origem e os objetivos do Brics
O Brics surgiu em 2001, como uma sigla criada pelo economista Jim O'Neill, do banco Goldman Sachs, para se referir aos quatro países emergentes que apresentavam alto potencial de crescimento: Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2006, os ministros de relações exteriores desses países se reuniram pela primeira vez, dando início a uma cooperação política e econômica. Em 2009, ocorreu a primeira cúpula de líderes do Brics, com a participação da África do Sul, que se tornou membro oficial do bloco em 2011.
Os objetivos do Brics são fortalecer o diálogo e a coordenação entre os países emergentes, promover a reforma das instituições financeiras e de governança global, aumentar a voz e a representatividade dos países em desenvolvimento, fomentar a cooperação em áreas como comércio, investimento, infraestrutura, energia, agricultura, saúde, educação, ciência e tecnologia, e contribuir para a paz, a segurança e o desenvolvimento sustentável no mundo.
A expansão do Brics e seus motivos
A expansão do Brics era esperada, uma vez que ela se tornou o principal tema da 15ª cúpula do bloco, que aconteceu em Joanesburgo, na África do Sul, em 2023. O movimento de expansão era publicamente liderado pela China e, em menor grau, pela Rússia, que buscavam diminuir o isolamento dos dois países em relação aos Estados Unidos e à Europa Ocidental, com os quais mantêm relações tensas por questões como a guerra na Ucrânia, as acusações de espionagem, as disputas comerciais e os direitos humanos.
A entrada dos seis novos países foi anunciada como um "convite", mas na verdade se tratava de uma formalidade técnica, pois eles já haviam demonstrado interesse em fazer parte do bloco. A escolha dos novos membros também refletiu os diferentes interesses e afinidades dos atuais integrantes do Brics. Por exemplo, a Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, o Irã é um aliado estratégico da Rússia no Oriente Médio, a Etiópia é um dos maiores receptores de investimentos chineses na África, e os Emirados Árabes Unidos são um importante fornecedor de petróleo para a Índia.
Os benefícios e os desafios da ampliação do Brics
A ampliação do Brics pode trazer benefícios para o bloco, como aumentar o seu peso político e econômico no cenário internacional, diversificar as fontes de cooperação e financiamento, ampliar os mercados e as oportunidades de negócios, e fortalecer a solidariedade entre os países em desenvolvimento. No entanto, também pode trazer desafios, como reduzir a coesão e a eficiência do grupo, gerar conflitos de interesses e de visões, dificultar o consenso e a tomada de decisões, e exigir mais recursos e compromissos dos membros.
Um dos principais desafios da ampliação do Brics é definir os critérios e as condições para a adesão dos novos países, que devem ser compatíveis com os princípios e os objetivos do bloco. Além disso, é preciso garantir que os novos membros contribuam efetivamente para o funcionamento e o desenvolvimento do Brics, especialmente no que se refere ao Novo Banco de Desenvolvimento, a instituição financeira criada pelo bloco em 2014, com sede em Xangai, na China, e um capital inicial de 100 bilhões de dólares, destinado a financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países do bloco e em outras nações em desenvolvimento.
Conclusão
O Brics é um bloco que reúne países emergentes com grande potencial de crescimento e influência no mundo. A expansão do Brics, anunciada em 2023, representa uma mudança significativa na composição e no alcance do grupo, que passará a ter 11 membros a partir de 2024. Essa mudança pode trazer benefícios e desafios para o bloco, que terá que se adaptar à nova realidade e buscar manter a sua relevância e a sua coesão. O futuro do Brics dependerá da capacidade dos seus membros de superar as diferenças e de construir uma agenda comum de cooperação e desenvolvimento.
Referências
(1) Expansão do Brics: bloco anuncia 6 novos membros - BBC. https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3gz5nzlny5o.
(2) O que muda com a entrada de novos países no Brics, segundo ... - G1. https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/08/26/o-que-muda-com-a-entrada-de-novos-paises-no-brics-segundo-especialistas.ghtml.
(3) Brics terá 6 novos países a partir de janeiro de 2024; veja quais são. https://investnews.com.br/economia/brics-tera-6-novos-paises-a-partir-de-janeiro-de-2024-veja-quais-sao/.
(4) Brics ganha novos países-membros em 2024; saiba quem são. https://valor.globo.com/mundo/noticia/2024/01/03/novos-membros-brics-2024.ghtml.
(5) BRICS: o que é, objetivos e países - Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/brics/.
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