EDU GEO 360 GRAUS: Vacina contra a dengue: Brasil é o primeiro a incorporar imunizante no SUS

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que afeta milhões de pessoas no mundo todo. No Brasil, a dengue é um grave problema de saúde pública, que causa surtos epidêmicos, hospitalizações e mortes. Segundo o Ministério da Saúde, em 2023 foram registrados mais de 1,5 milhão de casos prováveis de dengue e 1.038 óbitos pela doença¹.

Para combater essa situação, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a oferecer uma vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina, chamada de Qdenga, foi desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda e aprovada pela Anvisa em novembro de 2023². A vacina é indicada para pessoas entre 9 e 45 anos que já tiveram dengue anteriormente e que vivem em áreas endêmicas. Ela protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue e requer duas doses, com intervalo de seis meses³.

Como a vacina funciona?

A vacina Qdenga é feita a partir de vírus vivos atenuados, ou seja, enfraquecidos, que estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos contra a dengue. A vacina é baseada em uma cepa do vírus da febre amarela, que foi modificada geneticamente para expressar as proteínas dos quatro sorotipos da dengue⁴. Dessa forma, a vacina é capaz de induzir uma resposta imune cruzada, que confere proteção contra as diferentes formas da doença.

A vacina Qdenga foi testada em ensaios clínicos envolvendo mais de 20 mil participantes em 12 países da América Latina e da Ásia, incluindo o Brasil. Os resultados mostraram que a vacina tem uma eficácia global de 80,2% na prevenção de casos de dengue, e uma eficácia de 95,4% na prevenção de casos graves e hospitalizações⁵. A vacina também demonstrou um bom perfil de segurança, com poucos efeitos adversos, sendo os mais comuns dor no local da injeção, dor de cabeça e febre baixa.

Quem pode tomar a vacina?

A vacina Qdenga é recomendada para pessoas entre 9 e 45 anos que já tiveram dengue anteriormente e que vivem em áreas endêmicas, ou seja, onde há transmissão frequente da doença. Isso porque a vacina pode aumentar o risco de dengue grave em pessoas que nunca tiveram contato com o vírus, devido a um fenômeno chamado de potencialização dependente de anticorpos. Esse fenômeno ocorre quando os anticorpos gerados pela vacina se ligam ao vírus da dengue, facilitando sua entrada nas células do sistema imunológico e potencializando sua replicação.

Portanto, antes de tomar a vacina, é necessário fazer um teste sorológico para verificar se a pessoa já teve dengue. Esse teste é oferecido gratuitamente pelo SUS e pode ser feito em qualquer unidade de saúde. A vacina também é contraindicada para gestantes, lactantes, pessoas com alergia a algum componente da vacina, pessoas com doenças imunossupressoras ou que usam medicamentos imunossupressores, e pessoas com febre ou infecção aguda.

Como será a vacinação no SUS?

O Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue no SUS em dezembro de 2023, após uma análise rápida e favorável da Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS). O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal, como um compromisso com a vida e a saúde da população.

No entanto, a vacinação não será em larga escala em um primeiro momento, pois o laboratório fabricante tem uma capacidade limitada de fornecimento de doses. Segundo a previsão da Takeda, serão entregues 5,082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. Cada pessoa precisa tomar duas doses, com intervalo de seis meses, para completar o esquema vacinal.

Por isso, a vacinação será focada em público e regiões prioritárias, definidos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). A definição dessas estratégias deve ocorrer nas primeiras semanas de janeiro. A expectativa é que a vacinação comece em fevereiro, nas unidades de saúde que dispõem do teste sorológico para a dengue.

Qual a importância da vacina contra a dengue?

A vacina contra a dengue é uma ferramenta importante para o controle da doença, que representa um grande desafio para a saúde pública no Brasil e no mundo. A vacina pode reduzir o número de casos, as complicações, as hospitalizações e as mortes causadas pela dengue, além de diminuir os custos sociais e econômicos associados à doença.

No entanto, a vacina não substitui as medidas de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti, que também transmite outras doenças, como zika, chikungunya e febre amarela. É essencial que a população continue adotando hábitos simples, como eliminar os possíveis criadouros do mosquito, usar repelente e telas nas janelas, e procurar atendimento médico em caso de sintomas suspeitos de dengue.

A vacina contra a dengue é mais um avanço da ciência e da tecnologia em prol da saúde e da qualidade de vida das pessoas. O Brasil é um exemplo de país que valoriza a inovação e a incorporação de novas tecnologias no SUS, garantindo o acesso público e universal a uma vacina segura e eficaz contra a dengue.