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segunda-feira, 20 de maio de 2024

A Trágica Morte do Presidente Ebrahim Raisi em um Acidente de Helicóptero

 


A notícia da morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero abalou o mundo. Este líder, conhecido por suas posições firmes e conservadoras, deixou uma marca indelével na política do Oriente Médio. Este artigo busca aprofundar o entendimento sobre suas alianças políticas, ideologias e o impacto de sua morte súbita.


Alianças Políticas de Ebrahim Raisi



Ebrahim Raisi era uma figura central na política iraniana, com laços profundos no judiciário e na elite religiosa do país. Sua eleição em 2021 foi vista como uma consolidação do poder conservador em todas as esferas da República Islâmica. Raisi manteve uma relação próxima com o líder supremo, Aiatolá Ali Khamenei, e era considerado um possível sucessor. Sua base de apoio era composta principalmente por conservadores e tradicionalistas, que viam nele um defensor dos valores islâmicos e da soberania iraniana.

Raisi também era conhecido por sua postura crítica em relação ao Ocidente, especialmente aos Estados Unidos. Ele se opôs ao acordo nuclear de 2015, conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), e defendeu uma linha dura nas negociações nucleares. Sua administração buscou fortalecer laços com países que compartilhavam uma visão anti-imperialista, como demonstrado em sua turnê pela América do Sul em 2023.

A morte de Raisi pode ter implicações significativas para a política interna do Irã e para o equilíbrio de poder dentro do regime. Ele era visto como um dos favoritos para suceder Khamenei, e sua ausência abre espaço para uma disputa pela sucessão. Além disso, a perda de uma figura tão influente pode levar a uma reconfiguração das alianças políticas no país.


Ideologias de Ebrahim Raisi


Como presidente, Raisi promoveu uma agenda baseada em princípios ultraconservadores e linha-dura. Ele defendia uma interpretação estrita da lei islâmica e era conhecido por sua postura intransigente em questões de direitos humanos e liberdades civis. Sua eleição representou um retrocesso para os reformistas e moderados no Irã, que foram impedidos de concorrer e viram suas esperanças de mudança diminuírem.

Raisi também enfrentou críticas internacionais por seu suposto envolvimento nas execuções em massa de prisioneiros políticos na década de 1980, conhecidas como o "Comitê da Morte". Essas ações passadas o tornaram uma figura controversa e resultaram em sanções impostas pelos Estados Unidos. Apesar disso, ele manteve uma base de apoio sólida entre aqueles que valorizavam a ordem e a segurança acima das reformas políticas e sociais.

Sua morte deixa muitas questões em aberto sobre o futuro da política iraniana. Raisi era um defensor ferrenho da lei e da ordem e sua ausência pode levar a uma luta pelo poder entre diferentes facções dentro do regime. Além disso, sua morte ocorre em um momento de tensão internacional e protestos internos, o que pode desencadear mudanças significativas na direção política do país.


O Legado de Ebrahim Raisi





O legado de Ebrahim Raisi é complexo e será objeto de debate por muitos anos. Como presidente, ele enfrentou desafios econômicos significativos, incluindo sanções internacionais e uma economia em dificuldades. Sua política externa foi marcada por tensões crescentes com o Ocidente e uma abordagem agressiva nas negociações nucleares.

No entanto, foi a repressão interna que definiu grande parte de seu mandato. Os protestos que varreram o Irã em 2022 após a morte de Mahsa Amini em custódia policial foram recebidos com uma resposta dura do governo, resultando em centenas de mortes e milhares de prisões. Essa repressão exacerbou as divisões dentro da sociedade iraniana e atraiu condenação internacional.

A morte de Raisi em um acidente de helicóptero não apenas encerra sua carreira política, mas também lança incerteza sobre o futuro do Irã. Seu papel como um líder linha-dura que defendia a soberania iraniana e os valores islâmicos será lembrado por seus apoiadores, enquanto seus críticos recordarão seu legado de repressão e resistência às reformas.


Sistema de Governo no Irã 


O Irã é caracterizado por um sistema de governo bastante singular, conhecido como república teocrática. Isso significa que a religião desempenha um papel central na legislação do país e na constituição da estrutura hierárquica de poder. 

A autoridade máxima do país é o Líder Supremo, que é o chefe de Estado e a máxima autoridade política e religiosa. Este cargo é vitalício e tem poderes extensivos, incluindo a nomeação de pessoas para postos importantes, como o chefe do Poder Judiciário e os comandantes das Forças Armadas. 

Além disso, o Irã possui um presidente, eleito por sufrágio universal para um mandato de quatro anos. No entanto, os candidatos ao cargo de presidente devem ser previamente aprovados pelo Conselho dos Guardiães. 

O sistema político iraniano combina elementos democráticos e teocráticos, com assembleias de natureza laica e religiosa que dividem as atribuições governamentais entre si. Essa estrutura complexa reflete a fusão entre a tradição islâmica e a governança republicana, criando um panorama político único no cenário mundial.


Religião 


O Irã é um país onde o islamismo desempenha um papel central na vida cotidiana e na estrutura de governo. Vamos explorar alguns aspectos importantes:

1. Revolução Islâmica:

   - A Revolução Islâmica de 1979 foi um evento crucial na história do Irã. Ela transformou o país em uma República Islâmica, baseada nos preceitos religiosos do islamismo.

   - Antes da revolução, o Irã era governado pelo xá Reza Pahlevi, cujo regime era autoritário e concentrava poder em um pequeno círculo de aliados. No entanto, críticas ao seu governo e à desigualdade social cresceram.

   - O aiatolá Ruhollah Khomeini, líder religioso e opositor exilado em Paris, desempenhou um papel fundamental na revolução. Seu retorno ao Irã em 1979 intensificou os protestos e levou à deposição do xá.

   - O Irã foi declarado uma República Islâmica, e Khomeini assumiu o cargo de chefe religioso e governante.


2. Religião no Irã:

   - O islã é professado por 99,9% da população iraniana.

   - 93,6% são adeptos do xiismo, principalmente da vertente duodecimana.

   - 6,3% seguem o ramo sunita.

   - Além disso, há seguidores de outras religiões, como baha'istas, mandeístas, iarsanitas, zoroastrianos, judeus e cristãos.


3. Impacto na Sociedade:

   - A Revolução Islâmica alterou profundamente a estrutura social do país.

   - Código de Vestimenta: As mulheres passaram a ser obrigadas a usar o hijab (véu islâmico) após a revolução, substituindo as roupas ocidentalizadas que eram comuns antes.

   - Educação: O número de mulheres nas universidades aumentou, apesar das tentativas iniciais de impedir sua educação.

   - Cultura e Tradições: Piqueniques e outras tradições culturais continuam, mas com maior moderação nas interações entre homens e mulheres.

Em resumo, o Irã é um país onde o islã permeia todos os aspectos da vida, desde a política até a cultura e a religião. A Revolução Islâmica moldou profundamente sua identidade e estrutura social.

A vertente duodecimana do islamismo é a principal corrente minoritária dentro do xiismo, que por sua vez é uma das duas grandes divisões do islamismo. Os seguidores da vertente duodecimana são conhecidos como xiitas duodecimanos e representam cerca de 80% da comunidade xiita global.

Os duodecimanos acreditam na existência de doze imãs, que são líderes espirituais e políticos considerados infalíveis e divinamente nomeados para guiar a comunidade muçulmana. Esses imãs são descendentes diretos do profeta Maomé, através de sua filha Fátima e seu genro Ali, o primeiro imã. A crença nos doze imãs é fundamental para os xiitas duodecimanos, pois eles são vistos como as autoridades máximas em questões de interpretação religiosa e lei islâmica.

A sucessão dos doze imãs começou com Ali ibn Abi Talib e terminou com Muhammad al-Mahdi, o décimo segundo imã, que os xiitas acreditam ter entrado em um estado de ocultação e que um dia retornará para trazer justiça e paz ao mundo. Esta crença no retorno do imã oculto é um aspecto distintivo do xiismo duodecimano em comparação com outras seitas islâmicas.


Conclusão


A morte súbita de Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero é um evento que reverberará por todo o Irã e além. Suas alianças políticas e ideologias moldaram sua presidência e o legado que ele deixa é um testemunho das complexidades da política iraniana. À medida que o país e o mundo refletem sobre sua morte, o impacto de suas políticas e decisões continuará a ser sentido no cenário global.




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