Eduardo Fernando
Um dia Pinato deu a última aula. Tá, que não foi a melhor aula, mas ele estava ali. De pé, diante da turma, olhou ao redor e percebeu que, por mais que o tempo passasse, certas coisas não mudavam. Os olhares dispersos, alguns atentos, outros presos em seus próprios mundos. Foi nesse momento que ele entendeu: cada aluno, à sua maneira, levava um pouco dele. Não eram apenas conteúdos ou provas – era a forma como, ao longo do tempo, ele tentou fazer com que enxergassem além do óbvio, além do que os livros diziam.
A despedida não foi grandiosa. Não houve aplausos entusiasmados ou discursos emocionados. Apenas um "até logo" que, no fundo, ele sabia que significava "adeus". E, enquanto saía daquela sala pela última vez, teve a certeza de que não mais voltaria àquele lugar. Não porque não gostasse ou porque estivesse cansado – mas porque tudo tem um ciclo, e o dele havia se fechado ali.
Talvez a última aula não tenha sido a mais brilhante, mas quem disse que as coisas mais importantes da vida vêm embrulhadas em perfeição? O que importa é que ele esteve lá. E, de algum jeito, em alguma memória, em alguma ideia que plantou, ele sempre estaria. Porque o verdadeiro legado de um professor não está apenas no que ele ensina, mas no que ele deixa em quem aprende.
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Pina e Pinato