O Peso dos Países: A Dança das Economias Sul-Americanas entre 1960 e 2024


Sabe aquele ditado “o mundo dá voltas”? Pois é, na economia da América do Sul, isso também se aplica — e como! Quando a gente para pra observar o cenário econômico do continente em 1960 e compara com 2024, a sensação é de estar assistindo a uma transformação digna de um documentário da Netflix: cheio de viradas, tensões políticas, crises, ressurgimentos e, claro, muita desigualdade.


O retrato de 1960: quando tudo parecia mais “centralizado”


Lá pelos anos 1960, o Brasil já dava sinais de que seria o gigante da região, mas a distância entre os países ainda era menos gritante. A Argentina, por exemplo, era uma potência respeitável, com indústria forte e uma classe média em crescimento. O Chile e o Uruguai tinham bons indicadores sociais, e até a Venezuela vivia o auge da economia petroleira.

Segundo dados históricos do Banco Mundial e da CEPAL, o PIB da América do Sul em 1960 era majoritariamente concentrado em três países: Brasil (cerca de 40%), Argentina (25%) e Venezuela (10%). Os demais países somavam juntos os 25% restantes. Parece equilibrado? Em partes, sim. Mas já era o prenúncio de uma desigualdade econômica que se aprofundaria nas décadas seguintes.

O tempo passou, e o mundo mudou — e a América do Sul também


Chegamos a 2024, e o que encontramos? Um cenário mais polarizado. O Brasil hoje responde por mais de 50% do PIB da América do Sul. A Argentina, embora ainda relevante, perdeu espaço. E a Venezuela... bem, todo mundo sabe o que aconteceu. A crise política, a hiperinflação e o êxodo populacional impactaram duramente a economia venezuelana.

Enquanto isso, países como Chile, Colômbia e Peru cresceram discretamente, mas de forma constante, diversificando suas economias e investindo em setores como mineração, tecnologia, agronegócio e energias renováveis.

A concentração aumentou — e isso não é um bom sinal


Vamos pensar juntos: se um só país representa mais da metade da economia de um continente, isso é saudável? Num primeiro momento, pode parecer vantajoso, já que esse país pode atrair investimentos e “puxar” os outros. Mas, na prática, não é bem assim.

Essa concentração dificulta o equilíbrio nas negociações comerciais, enfraquece blocos como o Mercosul e torna os demais países mais vulneráveis a oscilações globais. E vamos combinar: o que não falta é oscilação, né? Pandemias, guerras, mudanças climáticas...

Países que cresceram “no silêncio”

Tem também os “pequenos notáveis”. O Paraguai, por exemplo, tem mantido uma economia relativamente estável, com destaque para a produção de energia (quem aí lembra da Usina de Itaipu?). O Uruguai vem se posicionando como um país progressista, com políticas sociais avançadas e um setor de serviços em crescimento.

Mas são crescimentos tímidos se compararmos com o Brasil. Ainda que o Brasil enfrente seus próprios desafios (e como enfrenta!), sua base econômica, população e extensão territorial são fatores que jogam a seu favor.

E o futuro?

A pergunta que não quer calar: estamos caminhando para mais equilíbrio ou mais concentração? Difícil dizer. Com os avanços tecnológicos, as novas formas de trabalho e a descentralização da informação, há uma chance real de países menores ganharem espaço. Mas para isso, precisam de estabilidade política, investimentos em educação e uma boa dose de estratégia econômica.

É como um jogo de xadrez em que o tabuleiro está em constante movimento. Quem se adapta mais rápido, avança. Quem insiste em fórmulas antigas, fica pra trás.



Referências Bibliográficas


BANCO MUNDIAL. World Development Indicators. Disponível em: https://data.worldbank.org/. Acesso em: 18 abr. 2025.

CEPAL. Estadísticas económicas de América Latina y el Caribe. Santiago: CEPAL, 2024.

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 32. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

GUIMARÃES, Alexandre. Panorama Econômico da América do Sul: 1960–2020. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2021.

OCDE. Latin American Economic Outlook 2023. Paris: OECD Publishing, 2023.


Questões

  1. Qual país representa atualmente mais de 50% do PIB da América do Sul?

    • A) Argentina
    • B) Chile
    • C) Brasil
    • D) Colômbia
      Resposta: C
  2. Em 1960, qual país era o segundo com maior participação no PIB da América do Sul?

    • A) Venezuela
    • B) Argentina
    • C) Colômbia
    • D) Peru
      Resposta: B
  3. Qual fator contribuiu para a queda econômica da Venezuela nas últimas décadas?

    • A) Industrialização acelerada
    • B) Estabilidade cambial
    • C) Crise política e hiperinflação
    • D) Crescimento populacional
      Resposta: C
  4. O crescimento econômico recente do Chile está associado principalmente a:

    • A) Petróleo e gás
    • B) Turismo e café
    • C) Mineração e tecnologia
    • D) Exportações agrícolas
      Resposta: C
  5. Qual país sul-americano tem se destacado pela produção de energia e estabilidade econômica?

    • A) Bolívia
    • B) Uruguai
    • C) Paraguai
    • D) Equador
      Resposta: C
  6. A concentração do PIB em poucos países da América do Sul pode:

    • A) Fortalecer a união econômica do continente
    • B) Prejudicar negociações equilibradas entre países
    • C) Reduzir os efeitos das crises globais
    • D) Tornar todos os países mais ricos
      Resposta: B
  7. Em 1960, a Venezuela tinha cerca de que porcentagem do PIB da América do Sul?

    • A) 5%
    • B) 10%
    • C) 15%
    • D) 20%
      Resposta: B
  8. Qual destes países teve um crescimento mais “silencioso” nas últimas décadas?

    • A) Brasil
    • B) Argentina
    • C) Venezuela
    • D) Uruguai
      Resposta: D
  9. Qual é um dos principais desafios para que países menores ganhem mais participação no PIB continental?

    • A) Redução da população
    • B) Baixo índice de exportações
    • C) Falta de estabilidade política e investimentos
    • D) Falta de florestas tropicais
      Resposta: C
  10. O Mercosul pode ser impactado negativamente pela:

    • A) Diversificação econômica dos países
    • B) Desconcentração econômica
    • C) Concentração excessiva do PIB em um único país
    • D) Produção agrícola em larga escala
      Resposta: C


Eduardo Fernando

Prof. Eduardo Fernando é Mestre em Educação pela Must University, especialista em Metodologias de Ensino Superior e Educação a Distância. Possui formação em Geografia pela Universidade Norte Do Paraná e Pedagogia pela Universidade Católica de Brasília.

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