Relevo do Brasil



Antes de nos aprofundarmos, aqui vai um panorama geral: o relevo brasileiro é essencialmente moldado por três grandes feições – planaltos, planícies e depressões –, distribuídas em 28 unidades morfológicas, das quais 11 são planaltos, 6 planícies e 11 depressões . Essas estruturas, formadas ao longo de milhões de anos, influenciam diretamente o clima, a hidrografia e a ocupação humana no país, conferindo ao território uma notável diversidade de altitudes, desde as áreas costeiras quase ao nível do mar até topos que chegam a quase 3.000 m (Pico da Neblina) .

Introdução ao relevo brasileiro

O relevo corresponde às variações de nível da superfície terrestre e no Brasil apresenta-se, sobretudo, como planaltos, planícies e depressões . Essa morfologia resulta de antigos processos geológicos (crátons e dobramentos antigos) e de ação erosiva prolongada, numa região sem grandes orogêneses modernas .

Classificação geral

Planaltos

São terrenos antigos, relativamente planos, mas em altitudes mais elevadas. Caracterizam-se pela presença de extensos chapadões e suaves topos desgastados pela erosão . Dentre eles, destacam‑se:

  • Planalto Central Brasileiro
  • Centro‑Sul de Minas
  • Planalto da Amazônia Oriental
  • Planalto da Bacia do Parnaíba
  • Planalto da Bacia do Paraná

Planícies

Superfícies relativamente planas onde predomina o acúmulo de sedimentos sobre a erosão. Estão associadas, em geral, a áreas de várzea e baixadas costeiras .

Depressões

Regiões mais rebaixadas em relação às áreas circundantes, podendo ser absolutas (abaixo do nível do mar) ou relativas (abaixo de planaltos vizinhos, mas acima do nível do mar). Exemplo: depressão sertaneja e depressão do São Francisco .

Principais unidades morfológicas

A classificação mais recente reconhece 28 unidades de relevo no Brasil: 11 planaltos, 6 planícies e 11 depressões . Entre as mais emblemáticas, podemos destacar:

Planalto Central Brasileiro

Localizado no coração do país, suas altitudes variam grosso modo entre 600 m e 900 m, correspondendo a cerca de 12 % do território nessa faixa de altitude . É a base do bioma Cerrado, responsável por solos férteis e grande diversidade biológica.

Planalto das Guianas

Abrange o extremo norte do país, com relevos residuais que formam serras como a Serra do Divisor e a Serra Pacaraima . Essas formações indicam áreas de rochas muito antigas, pouco atacadas pela erosão.

Planícies Amazônica e do Pantanal

  • Planície Amazônica: extensa plataforma sedimentar sujeita a inundações sazonais, moldando a maior bacia hidrográfica do mundo .
  • Planície do Pantanal: planície de inundação intermitente, crucial para a biodiversidade e o turismo ecológico.

Chapadas e Serras

As chapadas (ex.: Chapada Diamantina, Chapada dos Parecis) são topos aplainados com bordas abruptas, enquanto as serras (ex.: Serra do Mar, Serra da Mantiqueira) apresentam elevações mais contínuas e escarpadas .

Impactos ambientais e socioeconômicos

  • Clima e vegetação: as diferenças de altitude influenciam a temperatura, explicando zonas climáticas que vão do equatorial quente na Amazônia ao temperado no Sul .
  • Hidrografia: os planaltos funcionam como divisores de águas, originando as principais bacias hidrográficas (Amazonas, São Francisco, Paraná, etc.) .
  • Ocupação humana: planícies e chapadões planos favorecem a agricultura e o estabelecimento de rodovias, enquanto áreas de serra têm uso mais restrito, preservando remanescentes florestais.


Os grandes estudiosos do relevo brasileiro

Para entender o relevo do Brasil, é essencial também conhecer quem ajudou a construí-lo conceitualmente. Ao longo do tempo, diversos geógrafos e geólogos se dedicaram a observar, descrever e classificar o território nacional, oferecendo interpretações que se tornaram referências no estudo da Geografia física brasileira.

Entre os nomes mais marcantes está Aroldo de Azevedo, responsável por uma das primeiras classificações do relevo brasileiro. Em sua proposta, feita ainda na década de 1940, o critério utilizado era a altitude. Ele dividiu o país em planaltos e planícies com base na elevação do terreno, o que foi muito útil na época e ajudou a construir uma base para futuros estudos.

Mais adiante, veio Aziz Ab’Saber, talvez o mais conhecido entre os geógrafos brasileiros. Com uma abordagem mais voltada à dinâmica e aos processos de formação do relevo, Ab’Saber propôs uma classificação que levava em conta não apenas a altitude, mas também os processos de erosão e sedimentação. Para ele, o relevo não era algo estático, mas resultado de interações complexas entre clima, solo, vegetação e o tempo geológico. Seu trabalho deu origem à famosa divisão em planaltos, planícies e depressões, ainda hoje muito utilizada no ensino.

Outro nome relevante é o de Jurandyr Ross, que, com base nas contribuições anteriores, lançou uma nova proposta nos anos 1990. Seu trabalho utilizou imagens de satélite e dados mais precisos para refinar a classificação do relevo, resultando no Mapa do Relevo Brasileiro de 1995. Ele detalhou o território em 28 unidades de relevo, o que permitiu uma leitura mais rica e detalhada da paisagem brasileira.

Esses estudiosos não apenas ajudaram a organizar o conhecimento sobre o relevo, como também influenciaram profundamente o ensino da Geografia no Brasil. Suas classificações e mapas ainda hoje são referências em livros didáticos, exames e concursos públicos. Entender suas contribuições é também valorizar a ciência feita no país e reconhecer o esforço de quem dedicou a vida a observar e interpretar as formas do nosso território.


Considerações finais

O relevo do Brasil, fruto de um longo processo geológico e de intensa ação erosiva, desenha um território de altitudes e formas variadas. Compreender essa morfologia é fundamental para planejar o uso do solo, conservar ecossistemas e mitigar riscos naturais, como enchentes em planícies e deslizamentos em encostas.

Eduardo Fernando

Prof. Eduardo Fernando é Mestre em Educação pela Must University, especialista em Metodologias de Ensino Superior e Educação a Distância. Possui formação em Geografia pela Universidade Norte Do Paraná e Pedagogia pela Universidade Católica de Brasília.

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