sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Tribunal de Haia ordena Israel a evitar atos genocidas: o que isso significa?

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A Corte Internacional de Justiça (CIJ), o principal órgão judicial da ONU, emitiu uma decisão histórica sobre o conflito entre Israel e Palestina, que já dura décadas e causou milhares de mortes e sofrimento. A CIJ ordenou que Israel tomasse medidas para prevenir a prática de atos de genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza, e que apresentasse um relatório sobre as ações tomadas dentro de um mês. Mas o que isso significa na prática? E quais são as implicações jurídicas, políticas e humanitárias dessa decisão?


O que é a CIJ e qual é o seu papel?


A CIJ é o principal órgão judicial da ONU, composto por 15 juízes eleitos pelos Estados-membros da organização. A CIJ tem como função principal resolver disputas legais entre os Estados, de acordo com o direito internacional. A CIJ também pode emitir pareceres consultivos sobre questões jurídicas solicitadas pela Assembleia Geral ou pelo Conselho de Segurança da ONU, ou por agências especializadas autorizadas pela Assembleia Geral.

A CIJ tem jurisdição sobre os casos que lhe são submetidos pelos Estados que aceitaram a sua competência, ou que tenham assinado tratados que preveem a sua intervenção. A CIJ também pode decidir sobre casos que envolvam a interpretação ou a aplicação de convenções internacionais, como a Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio, que foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1948, após o Holocausto.


Qual foi o caso apresentado à CIJ e qual foi a sua decisão?


O caso que levou à decisão da CIJ foi apresentado pela África do Sul, que acusou Israel de violar a Convenção sobre o Genocídio em relação aos palestinos na Faixa de Gaza, especialmente durante os ataques militares de 2023, que resultaram em mais de 2 mil mortos e 10 mil feridos, segundo a ONU. A África do Sul, que é um dos Estados signatários da Convenção, alegou que Israel praticou atos que mataram ou causaram danos físicos ou mentais graves aos palestinos, com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal. A África do Sul também afirmou que Israel incitou publicamente a cometer genocídio, e que impediu a prestação de assistência humanitária aos palestinos.

Israel, por sua vez, negou as acusações e pediu que a CIJ rejeitasse o caso, alegando que não reconhecia a sua jurisdição, que a África do Sul não tinha legitimidade para apresentar o caso, e que a Convenção sobre o Genocídio não se aplicava ao conflito com o Hamas, o grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza e que é considerado uma organização terrorista por Israel e por vários países. Israel também argumentou que agiu em legítima defesa contra os ataques do Hamas, e que não teve a intenção de destruir os palestinos como grupo.

A CIJ, após analisar os argumentos das partes, decidiu por 16 votos a 1 que tinha jurisdição para julgar o caso, e que a África do Sul tinha o direito de apresentar o caso, como um dos Estados que se comprometeram a prevenir e punir o crime de genocídio. A CIJ também decidiu, por unanimidade, que o caso era urgente e que era necessário tomar medidas provisórias para proteger os direitos em questão, enquanto o processo continuava. A CIJ, então, ordenou que Israel tomasse todas as medidas ao seu alcance para prevenir a prática de atos de genocídio contra os palestinos, e que garantisse que as suas forças não cometessem tais atos. A CIJ também ordenou que Israel prevenisse e punisse qualquer incitamento público e direto a cometer genocídio, que permitisse a prestação de serviços básicos e assistência humanitária aos palestinos, que impedisse a destruição de qualquer evidência relacionada às alegações de genocídio, e que apresentasse um relatório ao tribunal sobre as medidas tomadas. A CIJ ainda determinou que os grupos armados que atuam em Gaza, como o Hamas, também deveriam respeitar e cumprir as mesmas obrigações.


Quais são as implicações jurídicas, políticas e humanitárias da decisão da CIJ?


A decisão da CIJ é provisória, mas tem caráter imediato e vinculante, ou seja, deve ser cumprida pelas partes envolvidas, sob pena de sanções. No entanto, a CIJ não tem meios próprios de fazer cumprir as suas decisões, e depende da cooperação dos Estados e dos órgãos da ONU, como o Conselho de Segurança, para garantir a sua execução. A decisão da CIJ também não implica um julgamento definitivo sobre a existência ou não de genocídio em Gaza, mas apenas uma medida cautelar para evitar que o crime ocorra ou se agrave, enquanto o processo segue em curso. A decisão final da CIJ sobre o mérito do caso pode levar anos para ser proferida, e dependerá da análise das provas e dos testemunhos apresentados pelas partes.

A decisão da CIJ tem, no entanto, um forte impacto político e humanitário, pois representa uma condenação internacional à conduta de Israel em relação aos palestinos, e uma pressão para que o país respeite os direitos humanos e o direito internacional humanitário. A decisão da CIJ também pode influenciar a opinião pública mundial e as relações diplomáticas entre Israel e outros países, especialmente os que apoiam a causa palestina, como a África do Sul. A decisão da CIJ também pode estimular outras iniciativas jurídicas contra Israel, como a investigação aberta pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos por Israel e pelo Hamas em Gaza. A decisão da CIJ também pode ter um efeito positivo para os palestinos, ao reconhecer o seu direito à proteção e à assistência, e ao abrir uma possibilidade de justiça e reparação pelas violações sofridas.


Conclusão


A decisão da CIJ sobre o caso apresentado pela África do Sul contra Israel é um marco histórico na busca pela paz e pela justiça no conflito entre Israel e Palestina. A CIJ ordenou que Israel tomasse medidas para prevenir a prática de atos de genocídio contra os palestinos em Gaza, e que apresentasse um relatório sobre as ações tomadas. A decisão da CIJ é provisória, mas tem caráter imediato e vinculante, e pode ter implicações jurídicas, políticas e humanitárias significativas para as partes envolvidas e para a comunidade internacional. A decisão da CIJ também representa um passo importante para a aplicação da Convenção sobre o Genocídio, que visa prevenir e punir o crime mais grave do direito internacional.


Referências


(1) Tribunal Mundial ordena que Israel tome medidas para prevenir atos de .... https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/tribunal-mundial-ordena-que-israel-tome-medidas-para-prevenir-atos-de-genocidio/.

(2) Tribunal Mundial ordena que Israel tome medidas para prevenir atos de .... https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/tribunal-mundial-ordena-que-israel-tome-medidas-para-prevenir-atos-de-genocidio/.

(3) Corte Internacional de Justiça ordena que Israel tome medidas ... - G1. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/01/26/corte-internacional-de-justica-decide-levar-adiante-processo-da-africa-do-sul-contra-israel.ghtml.

(4) Corte Internacional de Justiça ordena que Israel tome medidas ... - G1. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/01/26/corte-internacional-de-justica-decide-levar-adiante-processo-da-africa-do-sul-contra-israel.ghtml.

(5) Corte de Haia ordena que Israel tome medidas para evitar genocídio em .... https://valor.globo.com/mundo/noticia/2024/01/26/corte-de-haia-ordena-que-israel-tome-medidas-para-evitar-genocidio-em-gaza.ghtml.

(6) Corte de Haia ordena que Israel tome medidas para evitar genocídio em .... https://valor.globo.com/mundo/noticia/2024/01/26/corte-de-haia-ordena-que-israel-tome-medidas-para-evitar-genocidio-em-gaza.ghtml.

(7) Tribunal Internacional de Haia ordena Israel a prevenir genocídio em .... https://cbn.globo.com/mundo/noticia/2024/01/26/tribunal-internacional-de-haia-ordena-israel-a-prevenir-genocidio-em-gaza.ghtml.

(8) Tribunal da ONU rejeita pedido para Israel parar guerra e pede respeito à Convenção contra Genocídio. https://www.estadao.com.br/internacional/tribunal-da-onu-rejeita-pedido-para-israel-parar-guerra-e-pede-respeito-a-convencao-contra-genocidio-nprei/.

(9) Veja o que o Tribunal da ONU disse em 1ª decisão sobre caso de .... https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/veja-o-que-o-tribunal-da-onu-disse-em-1a-decisao-sobre-caso-de-genocidio-contra-israel/.

(10) Corte da ONU manda Israel adotar medidas para evitar genocídio em Gaza .... https://www.band.uol.com.br/noticias/corte-da-onu-manda-israel-adotar-medidas-para-evitar-genocidio-em-gaza-16662963.

(11) Corte da ONU manda Israel adotar medidas para evitar genocídio. https://bing.com/search?q=Corte+da+ONU+julga+Israel.

(12) Corte da ONU rejeita arquivar denúncia contra Israel - Terra. https://www.terra.com.br/noticias/mundo/corte-da-onu-rejeita-arquivar-denuncia-contra-israel,66b837a564674bc2da15b8d70ddb25acljf1ocvg.html.

(13) Tribunal da ONU não pede cessar-fogo na guerra contra o Hamas. https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/01/26/tribunal-da-onu-nao-pede-cessar-fogo-na-guerra-contra-o-hamas.ghtml.

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